AUTOMOBILISMO – Curvas II

Aumentando a velocidade de contorno de uma curva

No tópico anterior, obtivemos uma expressão que nos mostra a velocidade máxima de contorno de uma curva feita por um veículo. Mas como podemos fazer um carro ir ainda mais rápido?

Lembrando:

(1)

(2)

Se isolarmos a variável v temos:

(3)

Para aumentarmos a velocidade de contorno devemos aumentar os valores dos termos do numerador de dentro da raiz, ou diminuir o valor do denominador.

  • O valor de μ corresponde ao coeficiente de atrito entre o pneu e o asfalto. Para aumentarmos devemos mudar o asfalto (colocando um mais abrasivo), ou mudando o composto dos pneus (uma borracha mais mole, por exemplo).
  • A normal N é a reação normal do piso. A normal nem sempre apresenta o valor do produto da massa pela gravidade ( m . g ). Podemos aumentá-la, sem aumentar a massa, incluindo ( ou aumentando) o “downforce”, que é a força no sentido vertical para baixo, gerada pelos apetrechos aerodinâmicos dos carros (spoilers frontais, aerofólios, fundo plano etc).
  • O raio r da curva pode ser aumentado, ou até mesmo o contorno com o raio r maior, como visto anteriormente.
  • A massa m deve ser mantida o mais baixa possível (o que, juntamente com o coeficiente de atrito entre o pneu e o asfalto, ajuda não somente em curvas, mas em acelerações e desacelerações).
(Aqui, diferente do que foi apresentado no tópico anterior, está de uma forma mais geral, incluindo a massa do veículo e a reação do piso N. Esta forma é necessária quando é utilizado elementos que aumentam a força de reação Normal – uso de aerofólios, por exemplo) 
Além dessas condições pode-se, também, sobrelevar uma curva, de tal forma que a parte externa da curva seja mais alta que a parte interna, isto faz com que o plano da curva forme um ângulo com o plano horizontal. Acompanhe:

Curva Sobrelevada

Adotaremos que o eixo Y é o eixo vertical, positivo para cima; e o eixo X é horizontal, positivo para a direita.

Agora, observe o desenho esquemático abaixo:

 
Neste caso, temos um perfil de uma curva inclinada para a direita, com a parte externa da curva elevada em relação à parte interna.
Desenhando o diagrama de forças que atuam neste caso, temos:
  • Caso 1 – Sem atrito:

Supondo que o carro esteja contornando a curva sem se desgarrar do solo, ou seja, sem “subir” ou “descer” a curva, temos que a soma das forças no eixo Y é nula. Então, a componente Ny é sempre igual, em valor, ao peso P. E, no eixo X, o que causa a mudança no sentido do movimento é a componente Nx :
(4)
(5)
Observamos na imagem acima que a força que faz com que o carro efetue a curva de raio R é a componente Nx. Sendo assim, temos:
(6)
Da expressão (12) podemos ter a velocidade máxima devido apenas à inclinação da pista, desconsiderando o atrito e levando em consideração apenas a inclinação da curva:
(7)
  •  Caso 2 – Com atrito:

(Note que a força de atrito resultante e suas componentes estão representadas em um pneu, porém é apenas para melhorar a visualização. A força de atrito resultante poderia estar representada, apenas, no centro de massa do carro)
Para começarmos este caso, explicitamos o sistema de forças resultantes:
(8)
(9)
Agora, em seguida, os sistemas das forças das componentes das forças normal e força de atrito:
(10)
(11)
(12)
(13)
Do sistema composto por (8)(9),sabendo das equações (10), (11), (12), (13), juntamente com o produto P = m . g, podemos, depois de um pequeno malabarismo algébrico, chegar na expressão:

(14)

No próximo tópico: um exemplo prático!

7 opiniões sobre “AUTOMOBILISMO – Curvas II

  1. Pingback: AUTOMOBILISMO – Curvas III | Guilherme Rizzo

  2. E pensar que, numa ‘simples’ corrida da Nascar os carros tendem a ir somente em 2 rodas, mas ‘magicamente’ ficam nas 4. Muito interessante, se não fossem o peso e outras variáveis, sendo assim é provável que o gasto nos pneus é maior do lado que está contra a curva né? No caso o direito.

    • Sim… O carro se apóia, praticamente, todo no lado oposto da curva. E sobre o gastos nos pneus é bem isso mesmo: o maior gasto são nos pneus externos, pois lá é que se concentram as maiores forças.

  3. Muito interassante! Mas ainda fiquei com uma dúvida em relação a massa do carro: Quanto mais massa tiver o carro menor será a velocidade de contorno de uma curva? Pergunto isso porque entendo que quanto maior o peso devido a massa, mais o pneu vai aderir ao solo, mas ao mesmo tempo mais inércia o carro terá para contornar uma curva, e uma coisa anularia a outra. Está certo isso?

    • Olá Caio!
      A grosso modo, no mundo ideal, estaria certo assumir que uma condição anularia outra. Vemos isso nas equações mostradas pois a massa do carro é indiferente nos cálculos apresentados. No mundo real há outras variáveis (como centro de massa, transferência de peso lateral e longitudinal, entre outras). Se esses novos parâmetros fossem acrescentados aos cálculos, certamente a massa seria fundamental. Mas, caso o acerto do carro fosse o ideal (onde não houvessem as transferências de peso, por exemplo), os resultados mais simples seriam o suficiente.

  4. A fórmula foi demonstrada corretamente mas acho que está com um erro. Na parte do numerador está : sen – u*cos. Não deveria ser: sen + u*cos?

Deixe um comentário